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05 de agosto de 2014

Acusação e hipocrisia

João 8.1-11

… todos foram embora, um por um... (v. 9)
É fácil levantar acusações contra o outro. Parece que está inscrito no código genético humano, fruto de longo processo “evolutivo”. A acusação busca fragilizar a outra parte e afirmar a própria posição. Os motivos ou argumentos podem ter base real ou ser fruto de invenção. Na cena de acusação contra a mulher adúltera, gente gabaritada no estudo e manejo das questões religiosas segue essa lógica de acusação. Os escribas e fariseus têm motivo real para acusar. São zelosos na aplicação das regras religiosas. A mulher havia sido encontrada em flagrante delito. Querem logo a aplicação estrita da Lei. A mulher deveria ser apedrejada. Para Jesus, o momento é crucial. A sua decisão deveria ponderar entre a fidelidade à letra da Lei de Moisés e o princípio de misericórdia, que é o espírito dessa Lei. Seu discernimento não se dá no fervor da culpabilização. Jesus toma tempo para ponderar. Põe-se a escrever no chão. Não sabemos o que escreveu. Mas ganhou tempo e discernimento sóbrio. Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra. Assim a acusação zelosa foi questionada a partir de um argumento de foro íntimo. Transgressão e pecado não se manifestam somente na exterioridade. Têm a ver com o íntimo da pessoa, aquele poço de contradições presente em todos. O olhar introspectivo dos zelosos sobre os próprios desejos e aspirações fez dispersar, gradativamente, a turba inflamada. A análise de si próprio afugentou a hipocrisia. Essa deu lugar à misericórdia. Uma vida foi poupada para um novo começo.