Se recebemos de Deus as coisas boas, por que não vamos aceitar também as desgraças? (v. 10)
Certa vez fui chamado ao hospital, onde um homem bastante debilitado lutava contra uma doença grave. Fiquei surpreso com que tranquilidade ele encarava seu estado de saúde. Na conversa, perguntei-lhe sobre isso e ouvi uma frase surpreendente: “Sabe, pastor, eu saboreei o filé da vida todos os anos da minha existência. Agora é hora de roer o osso”.
A expressão pode parecer rude, mas faz sentido. Foi isso que Jó disse à sua esposa quando ela sugeriu, no meio de tanta desgraça, que ele amaldiçoasse a Deus e morresse. Ela queria que ele pulasse a etapa cruel da vida.
Normalmente somos muito imaginativos para curtir e aproveitar os bons momentos, mas muitas vezes nos falta coragem e paciência para enfrentar as tempestades. Aproveitamos todas as coisas boas e, quando vem uma desgraça, pedimos a Deus que passe logo. Comemos o filé e reclamamos do osso.
Bons e maus momentos fazem parte da nossa vida. É justo alegrar-se com as coisas boas, e lágrimas são compreensíveis na dor. Não desejamos o mal para nós nem para ninguém. Mas uma hora ele chega. Enfrentá-lo com coragem, paciência e fé é o caminho a seguir. Georg Neumark escreveu: “Que valem... todas as lamentações? Se a lamentarmos, nossa dor somente ficará maior” (Hinos do Povo de Deus, 214). Justamente nesses momentos é preciso lembrar todas as bênçãos que temos recebido da mão divina. Isso nos dará ânimo e força. Nada neste mundo pode nos separar do amor de Deus, que Jesus Cristo nos revelou.