Mas Jesus, fitando-os, disse: Que quer dizer, pois, o que está escrito: A pedra que os construtores rejeitaram, esta veio a ser a principal pedra, angular? (v. 17)
Esse versículo é um breve resumo da paixão e morte de Cristo. Ao dizer que foi rejeitado, descreve a paixão, morte, ignomínia e escárnio a que Cristo foi submetido. Ao afirmar que se tornou pedra angular, aponta para sua ressurreição, vida e domínio em eternidade. Para tanto, compara-o a uma construção. Quando uma pedra não se enquadra no muro nem se adapta às demais pedras, mas desfigura toda a construção, esta é uma pedra imprestável e inútil, que deve ser lançada fora. Então aparece um mestre estranho que sabe aproveitar essa pedra e diz: “Alto lá, seus tolos! Sois mestres e não sabeis aproveitar esta pedra? Pois a mim ela vem bem. Não a usarei para encher brechas. Tampouco me será apenas uma pedra comum, mas uma pedra angular no alicerce, que não suportará somente um muro, mas dois, e será de maior utilidade do que qualquer outra pedra e mais do que todas as pedras em toda a construção”.
Assim também Cristo não quis conformar-se de forma alguma com o espírito e a santidade dos fariseus nem do mundo inteiro. Eles não o suportaram. Ele desfigurava todas as suas construções, repreendia e criticava sua linda e santa aparência exterior. Aí então se enfureceram, condenaram e rejeitaram-no, pois não sabiam para que servia. Então Deus, o verdadeiro construtor, o pegou e fez dele uma pedra angular para o alicerce sobre o qual se fundamenta toda a cristandade reunida entre judeus e gentios.
A mesma coisa se dá com ele ainda hoje. Pois a pedra foi rejeitada, se a considera rejeitada, permanece rejeitada. Não obstante ela continua cara, nobre e preciosa entre os justos e crentes, que não constroem em sua própria obra humana nem em poder de príncipes, mas sobre esta pedra.
M. Lutero