Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, ... que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, ... porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu. (v. 26,27)
O sacrifício de Cristo, oferecido uma vez por todas, vale para sempre, e nós somos livres porque cremos nesse sacrifício. Colocar qualquer coisa ao lado dele é pura ofensa a Deus. O próprio Cristo é o sacrifício que ele ofereceu na morte, para nos purificar dos pecados eternamente. Por isso, quando seu sofrimento chegou ao fim e o sacrifício foi oferecido, começou sua honra. Na cruz, desaparecem sua honra, sua boa reputação, seus grandes feitos. Ali, ele perde a consciência, e a morte tem domínio sobre ele. Porque, se este é para ser um sacrifício, então é preciso que seu sangue seja derramado. O cordeirinho tem de ser imolado. O sacrifício custa sangue. Agora, a luta de Cristo dura apenas um instante. Por isso ele faz o seguinte apelo sacerdotal: “Ah, querido Pai, mesmo que eles tenham se voltado contra mim, perdoa-lhes”.
E o que faz Cristo depois disso? Toma assento no tribunal de Deus. Quando todos o abandonaram e estão pensando que, no caso dele, está tudo terminado, justamente então ele começa seu reinado eterno, representa-nos junto ao Pai, intercede por nós quando somos acusados por causa dos pecados. Uma sentença é proferida contra nós; a consciência atemorizada sente que o pecado provoca a ira de Deus. Nessa situação, nada nos pode ajudar senão o sacrifício de Cristo, que intercede por nós junto ao Pai, dizendo: “Querido Pai, o pecador é fraco e vive angustiado. Quero que você o dê para mim; eu paguei por seu pecado, ele confia em meu eterno sacrifício”.
Agora, quem se afasta desse sacrifício, esse está perdido para sempre.
M. Lutero