No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado. (v. 23)
Sobre como se deve orar ensina-se em muitos livros. A saber, que não se ponha em dúvida a oração. Quem quiser duvidar de que é ouvido por Deus, que deixe tudo de lado e não se moleste com Deus ou com a oração. Pois ele não pode e não quer suportar que se duvide, ou seja, ele não quer saber de ser considerado e censurado como mentiroso ou desleal por nós.
Se queres orar, ajoelha-te ou apresenta-te sem medo (contanto que tenhas te reconhecido um pecador e queiras corrigir-te) e conversa com Deus assim: Senhor, Pai celestial. Eu peço e quero que isso que peço seja infalível, pois deve e precisa ser sim e amém, exatamente isso e nada diferente, senão não quero orar nem ter orado. Não que eu tenha direito ou que seja digno disso. Bem sei e confesso que não o mereço. Mereci, isso sim, o fogo infernal e a tua ira eterna por causa de muitos e grandes pecados. Nesse momento, porém, sou um pouco obediente, já que me chamas e coages a orar em nome de teu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Baseado nessa certeza e esperança de tua insondável misericórdia, e não em minha justiça, ajoelho-me ou apresento-me diante de ti e oro.
Por outro lado, também tem sido ensinado suficientemente que não se deve tentar a Deus na oração, ou seja, não se determina a ele tempo, medida, alvo, modo ou pessoa; nem como, quando, onde e por intermédio do que deva ele nos atender. Deve-se, no entanto, segredar tudo humildemente a ele que, por meio de sua divina e inescrutável sabedoria, em tudo irá acertar por completo. Jamais se duvide (caso algo diferente se manifestar) que a oração com certeza foi ouvida. Como diz o anjo Gabriel em Daniel 9.23: “Quando começaste a orar, partiu a ordem”. E foi atendido muito mais e melhor do que Daniel havia pedido.
M. Lutero