Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. (v. 8)
É necessário que saibamos diferenciar entre as pessoas e julgá-las conforme são, a saber: onde existe uma tal pessoa que ama o Evangelho e quer muito crer e viver corretamente, que ela aprenda a resistir ao diabo (que a assusta e a entristece) e a dizer-lhe: “Tu mentes, diabo malvado, ainda que te mostres com a aparência do meu Senhor Cristo e faças uso das suas palavras. Pois eu fui batizado em seu nome e creio no Evangelho e (pela graça de Deus) não sou um daqueles perversos e depravados que pisam o Evangelho com os pés e, deliberadamente, vivem de modo contrário a ele, mas ajo e sofro o quanto posso em conformidade com ele; e queira Deus que eu possa fazer mais! Por isso tais ameaças e palavras terríveis não me dizem respeito, não devo nem quero ouvi-las agora; mas quero apegar-me ao que ele fala ao grupinho de pessoas pobres e miseráveis, que sofrem perseguição, infortúnio, necessidades e medo”.
Assim, se a gente fosse capaz de diferenciar, ambas as partes receberiam o que lhes cabe com justiça, sendo que Cristo consolaria aqueles que o diabo quer apavorar e desanimar e, por outro lado, atemorizaria aqueles que o diabo torna seguros de si e insolentes. Pois, em última análise, essas duas partes precisam estar constantemente em luta: o que o diabo perverte e destrói, Cristo precisa construir e reerguer; em contrapartida, o que o diabo faz, Cristo destrói, como diz 1 João 3.8: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo”.
Por sermos sabedores disso, devemos preocupar-nos quando o diabo nos adula e vem ao encontro dos nossos anseios, isto é, quando nos concede paz e dias bons. E, por outro lado, não nos devemos apavorar nem afligir, mas devemos estar seguros e corajosos quando ele nos atormenta com toda sorte de desgraça.
M. Lutero