Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. (v. 19b)
O cristão tenha cuidado de não fazer de Deus uma só pessoa. De igual modo, não deve separar e dividir o uno ser divino em três pessoas. Tem que se distinguir a pessoa no interior da divindade e atribuir a cada uma, sem distinção, sua obra própria.
Exemplificando: o Pai é meu e seu Deus e Criador, pois criou a mim e a você. Esta obra que somos eu e você é também do Filho, que é meu e seu Criador tanto quanto o Pai. Da mesma forma, o Espírito Santo é o Autor dessa obra que somos eu e você, pois é meu e seu Criador tanto quanto o Pai e o Filho. Mesmo assim, não são três deuses e criadores, mas um só Deus e Criador nosso.
Por outro lado, quando deixo de lado e vou além da criação para me ocupar com as relações internas e incompreensíveis da substância divina, descubro, conforme ensina a Escritura (pois neste ponto a mente humana nada pode), que o Pai é uma pessoa diferente do Filho, nesta divindade eterna, indivisa e una. Sua singularidade reside no fato de ser ele o Pai e não receber a divindade do Filho nem de alguém outro.
Nesta mesma divindade, que é una, o Filho é uma pessoa distinta do Pai. Sua singularidade está no fato de ser Filho e receber a divindade, não de si mesmo ou de alguém outro, mas somente do Pai, pois é nascido do Pai antes de todos os mundos.
Nesta mesma divindade, que é una, o Espírito Santo é uma pessoa distinta do Pai e do Filho. Sua singularidade é ser ele o Espírito Santo, o qual procede do Pai e do Filho, e tem a divindade, não de si mesmo ou de alguém outro, mas do Pai e do Filho, conjuntamente. E tudo isso, de eternidade em eternidade. Em verdadeira fé cristã, confesso três pessoas distintas em uma só e eterna substância divina, que, em relação a nós e às demais criaturas, são um só Deus, Criador e Autor de tudo.
M. Lutero