Pois Deus é um Mestre que conhece a arte de fazer com que aquilo que nos quer estorvar ou causar dano nos favoreça e sirva; o que nos quer levar à morte nos sirva para a vida; o que nos quer levar ao pecado e à condenação nos venha como fortalecimento da fé e da esperança, e torne a oração mais forte e respondida em mais rica medida ainda. Porque Deus é o Mestre que faz com que aconteça exatamente o contrário do que o mundo, os sentidos e pensamentos querem, e transforma em bem o mal que estes têm em vista. Porque se trata do Deus que “chama à existência as coisas que não existem” (Romanos 4.17), que a tudo transforma e renova. Quando os seus cristãos são pisados aos pés ou decapitados, isso, certamente, não sugere honra e glória, alegria e salvação, mas justamente o contrário. Posso, todavia, chamar à existência o que não existe (diz ele), e fazer com que toda tristeza e dor se transformem em vibrante alegria. Eu posso dizer: “Morte e sepultura, transformai-vos em vida; inferno, transforma-te em céu e salvação; veneno, transforma-te em precioso remédio e alívio; diabo e mundo, prestai maior serviço a meus cristãos do que os próprios anjos e santos. Porque eu posso e quero edificar minha vinha e cuidar dela, assim que, por meio de todo tipo de sofrimento e calamidade, ela se torne cada vez melhor”.