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01 de abril de 2005

Simultaneamente justo e pecador

Salmo 51.1-12

Aqui não se trata de um conhecimento filosófico do homem, segundo o qual ele é um ser racional, etc. Isso são coisas de ordem natural, não teológica. Assim, o jurista vê o homem como proprietário e dono de seus bens, e o médico diz que ele está ou são ou doente. Mas o teólogo descreve o homem como pecador. Existem dois tipos de conhecimento teológico, apresentados por Davi neste salmo. Ele fala do conhecimento teológico do homem e do conhecimento teológico de Deus. Isso para que ninguém se ponha a meditar sobre o que Deus poderia ter feito, e quão poderoso ele é. Semelhantemente, para que ninguém reflita sobre o homem como dono de seus bens, a exemplo do jurista, ou como doente, a exemplo do médico, mas reflita sobre o homem como pecador. Porque o objeto próprio da teologia são o homem, acusado e perdido por causa de seu pecado, e Deus, que justifica e é o Salvador do homem pecador. Tudo o mais que se debater em teologia e que for além desse objeto próprio é engano e veneno. Em teologia, de modo algum pode-se tratar de coisas como a vida corporal, qual deve ser o sustento do homem, que tipo de trabalho deve fazer, de que maneira deve governar a sua casa ou cultivar a terra, etc. Estas coisas estavam diante do homem e lhe foram dadas no jardim do Éden, quando Deus disse: “Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu” (Gênesis 1.28). Em teologia, a gente tem que ocupar-se com a vida eterna e futura; Deus, que justifica, ressuscita e dá vida; e com o homem, que perdeu a justiça e a vida, caindo em pecado e morte eterna. Quem prestar atenção nisso, ao estudar as Sagradas Escrituras, este vai tirar santo proveito de sua leitura. Da mesma forma, o conhecimento teológico que alguém precisa ter é conhecer-se a si mesmo, isto é, saber, sentir e perceber que, por causa do pecado, tem culpa e está entregue à morte. Mas também é preciso conhecer a outra parte e dar-se conta de que Deus é quem justifica e dá nova vida a este homem que se conhece a si mesmo. Quanto aos outros homens, aqueles que não conhecem seus pecados, podemos deixá-los ao encargo de juristas, médicos e pais; estes que se preocupem com eles. Agora é claro que eles vão falar do homem de forma diferente do teólogo.