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Pessoa do milênio

A revista americana Life efetuou uma pesquisa a respeito de personagens que marcaram o milênio (1001-2000). Levou-se em conta nesta pesquisa quantas pessoas um determinado acontecimento afetou, que diferença fez na vida cotidiana das pessoas. Duas dezenas de jornalistas consultaram montanhas de livros e especialistas de quase todas as áreas do conhecimento para compilar a lista de uma centena de eventos e personagens que marcaram os últimos mil anos. O resultado foi publicado no Brasil com exclusividade pela revista Veja na Edição Especial do Milênio.

 

Depois de Gutenberg, em primeiro lugar, que se destacou com a impressão da Bíblia, e Cristóvão Colombo, que abriu as portas para que o mundo se transformasse numa aldeia global, segue, em terceiro lugar na pesquisa, MARTINHO LUTERO, que desencadeou o movimento da Reforma Luterana. Eis o teor do texto de Veja:

 

"Martinho Lutero afligia-se com a própria pecaminosidade. Como era possível, pensava ele, que o Vaticano prometesse perdão dos pecados em troca de doações? Os poderes da misericórdia e da redenção não pertenciam exclusivamente a Deus? Finalmente, no dia 31 de outubro de 1517, incapaz de conter seu ceticismo, Lutero pregou suas 95 teses na porta da Igreja de Todos os Santos, em Wittenberg, Alemanha. Criticando a atuação papal, em particular a venda de "indulgências", o documento proclamava o caráter interior, espiritual, da fé cristã. Denunciava quem pagava taxas para não abraçar a cruz e compartilhar do sofrimento de Cristo e rejeitava a noção de que a doutrina da Igreja e a lei canônica tinham uma autoridade próxima das Escrituras. O Vaticano agiu rápido contra Lutero: em 1521, ele foi formalmente excomungado por heresia. "Esta é a minha posição, nada posso", disse ele. A não ser que o convencessem do erro, conforme as Escrituras ou a razão evidente, não iria contradizer sua própria consciência, que subordinava à palavra de Deus. Quando o Édito de Worms declarou Lutero um proscrito, sua mensagem anticlerical foi assumida por outros. Leigos atacaram mosteiros e suas propriedades; padres passaram a casar-se; príncipes e outras forças aliaram-se contra o Sacro Império Romano; bispos foram nomeados por autoridades seculares: era a reforma. A autoridade política nunca mais se sujeitou aos ditados de um clero distante e o mapa da Europa seria desenhado pelo nacionalismo que ainda hoje domina a política mundial."


Martinho Lutero (1483-1546)

 

"Em 1517, quando pregou os papéis de suas 95 teses na porta de uma igreja de Wittenberg, na Alemanha, 'com o propósito de trazer a luz da verdade', Martinho Lutero começou a reforma que mudou as alianças políticas e religiosas durante séculos. Embora alguns de seus escritos posteriores tivessem marcas de antissemitismo, suas primeiras obras ressaltavam a salvação pela graça de Deus e a espiritualidade cristã. Questionou a autoridade do papa nos negócios de estado e quando recusou retratar-se foi excomungado pela Igreja católica em 1521, o que deu origem às igrejas protestantes."