Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade. (v. 13)
Devemos considerar santos e colocar ao lado de Cristo aqueles que recebem sua Palavra, levam-na a sério e confessam-na, de modo especial na hora da tentação e da perseguição, mesmo que sejam pessoas fracas e miseráveis, que não aparentam nenhuma santidade especial. Porque as pessoas não trazem uma inscrição na testa, dizendo quem é justificado, santo, e quem não é. Mas sabemos que, onde a Palavra está presente e produz fruto, assim que, por causa da mesma, se está disposto a sofrer o que for preciso, ali também existem santos de verdade.
Mas a falsa humildade dos que procuram a santidade pelas obras, diz assim: “Oh, não, Deus me livre, como poderia alguém ser tão atrevido e deixar que o chamem de santo? Não somos todos uns pobres pecadores?”. Tudo isso é resultado daquela velha ilusão: quando se ouve a palavra “santo”, as pessoas só pensam em obras grandiosas e olham para os santos no céu, como se esses tivessem merecido a santidade por conta própria.
Mas nós dizemos que os verdadeiros santos de Cristo têm que ser pecadores dos bons e dos grandes; devem continuar sendo santos que não se envergonham de orar o Pai Nosso, pois reconhecemos que o nome de Deus não é santificado em nós como deveria, que seu reino não veio
e que sua vontade não é feita.
Eles são chamados santos não porque estão sem pecado ou se tornam santos por meio de obras. Justamente o contrário: em si mesmos e com todas as suas obras não passam de pecadores e estão condenados; mas tornam-se santos através da santidade alheia, a de Cristo Senhor, que lhes é presenteada e passa a ser deles por meio da fé.
M. Lutero