A tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. (v. 3-4)
Quando Deus deseja fortalecer alguém em sua fé, procede de forma tal que a pessoa tem a impressão de estar perdendo a fé. Deus parece tirar tanto a fidelidade como a fé, e faz o indivíduo passar por toda sorte de dificuldades e lhe tira as forças a ponto de quase desanimar. Mas, ao mesmo tempo, dá-lhe forças para acalmar-se e aguentar firme. Essa é a perseverança que produz experiência, de sorte que, no momento em que Deus se volta para a pessoa e deixa o sol brilhar outra vez, ela abre os olhos, fica admirada e diz: “Puxa vida! Deus seja louvado que me livrei desse problema. Deus está nesse lugar e eu não podia imaginar que tudo fosse terminar tão bem assim”.
Depois de um ou dois dias, uma semana, um ano, ou mesmo dentro de uma hora aparece outra cruz, trazida pelo pecado: a desonra, perda de bens, mal físico, ou qualquer outra coisa que nos incomoda. Aí começa tudo outra vez, e as nuvens negras estão de volta. Mas a pessoa se lembra de como no passado Deus foi gracioso e veio em seu auxílio. Sabe da boa vontade de Deus em nos castigar, para que nos lembremos de recorrer a ele pedindo ajuda. Então se consola e se gloria na tribulação, dizendo: “Aquele que no passado me ajudou tantas vezes vai ajudar-me também desta vez”. Esse desejo íntimo (que leva a pessoa a dizer: Quisera estar livre disso! Que Deus me ajude!) é a esperança que não envergonha, pois Deus tem de ajudar a essa pessoa.
Dessa forma Deus esconde a vida sob a morte, o céu sob o inferno, a sabedoria sob a loucura, a graça sob o pecado.
M. Lutero