Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. (v. 28)
Aqui, podem ser acrescentados muitos nomes de ocupações, as quais foram divinamente ordenadas, como, por exemplo: “Não pode haver magistrado nem subordinado, nem mestre nem discípulo, nem professor nem aluno, nem dona de casa nem empregada, pois em Cristo todas as posições sociais, mesmo as divinamente ordenadas, nada são”. Homem, mulher, escravo, liberto, judeu, gentio, rei e súdito são, na verdade, boas criaturas de Deus, mas em Cristo, isto é, na esfera da salvação, com toda a sua sabedoria, justiça, religião e poder, nada são. Pois onde alguém se torna uma nova pessoa no Batismo e se reveste de Cristo, não pode haver judeu nem grego.
Há, no mundo, e segundo a carne, enormes diferenças e desigualdades entre as pessoas, as quais devem ser cuidadosamente observadas. Pois, se a mulher quisesse tornar-se um homem, se o filho quisesse assumir as funções do pai, o criado, as do patrão, o súdito, as do magistrado, haveria uma perturbação e confusão em todas as posições sociais e em todas as coisas.
Por outro lado, em Cristo, onde não há lei alguma, não há nenhuma distinção de pessoas, não há judeu nem grego, mas todos são um, porque há somente um corpo, um Espírito, uma só esperança da vocação de todos, um só e o mesmo Evangelho, uma só fé, um só Batismo, um só Deus e Pai de todos, um só Cristo e Senhor de todos. O mesmo Cristo que têm Pedro, Paulo e todos os santos, temos também nós, eu, tu e todos os que creem; e o mesmo também têm todas as crianças batizadas. Ali, por conseguinte, a consciência não tem nenhuma noção da lei, mas tem, perante os olhos, apenas a Cristo. Por isso Paulo sempre costuma acrescentar: “Em Cristo Jesus”. Se ele for perdido de vista, tudo estará perdido.
M. Lutero