CIL - Comissão Luterana de Literatura
03 de dezembro de 2017
Venha o teu reino
Mateus 6.9-15
“A vinda do reino de Deus a nós” ocorre de duas maneiras: primeiro aqui, no tempo, mediante a Palavra e a fé; em seguida, na eternidade, pela revelação. Agora pedimos ambas as coisas: que venha àqueles que ainda não estão nele, bem como a nós outros – que já o recebemos –, por diário incremento, e futuramente, a vida eterna. Tudo isso outra coisa não é do que dizer: “Amado Pai, pedimos que nos dês primeiro a tua Palavra, para que o Evangelho seja pregado retamente em todo o mundo; em segundo lugar, que também seja aceito pela fé, e atue e viva em nós, de forma que pela Palavra e pelo poder do Espírito Santo o teu reino tenha curso entre nós e seja destruído o reino do diabo, para que não tenha direito nem poder sobre nós, até que, afinal, seja totalmente aniquilado, e o pecado, a morte e o inferno sejam exterminados, a fim de vivermos eternamente em plena justiça e bem-aventurança”. Disso vês que não pedimos aqui uma esmola ou algum bem temporal, passageiro, mas um tesouro eterno, excelso, e tudo aquilo de que o próprio Deus dispõe. O que é demasiadamente grande para que um coração humano pudesse atrever-se a tomar o propósito de o desejar, não houvesse ele mesmo ordenado que lho peçamos. Mas, por ser ele Deus, também quer a honra de dar muito mais e com maior riqueza do que quem quer que seja possa compreender, como eterna e inesgotável fonte, que, quanto mais escorre e transborda, tanto mais dá de si. E nada há que ele deseje mais de nós do que isso: que lhe peçamos muitas e grandes coisas. Encoleriza-se, por outro lado, quando deixamos de, confiadamente, pedir e exigir. Pois é como se o mais rico e mais poderoso imperador desse a um pobre mendigo a ordem de pedir o que bem desejasse, e estivesse pronto a dar-lhe um presente grande, imperial, e o néscio mais não mendigasse que uma sopa econômica. M. Lutero