CIL - Comissão Luterana de Literatura
06 de dezembro de 2003
CRISTO DÁ SABOR À LEI
João 2.1-11
As seis talhas de pedra que os judeus usavam para se lavar são os livros do Antigo Testamento, que, por leis e mandamentos, apenas criavam uma piedade externa e lavavam o povo apenas por fora. Por isso, também o evangelista João diz que aquelas talhas serviam para as purificações, para expressar: É a pureza que se consegue pelas obras, sem fé, a pureza que jamais purifica o coração, antes o polui ainda mais. O fato de haverem seis talhas significa quanto esforço e trabalho têm como tal purificação os que lidam com obras. Pois nisso seus corações jamais encontram descanso, pois não têm o sábado, o sétimo dia, para descansar das obras e deixar Deus obrar em nós. Transformar água em vinho significa tornar agradável a compreensão da lei. Isso acontece da seguinte forma: Antes de chegar o evangelho, todos compreendem que a lei exige nossas obras, e que temos que satisfazê-las por meio de obras. Dessa compreensão da lei resultam santarrões e hipócritas empedernidos e arrogantes, mais petrificados do que a cerâmica das talhas ou, então, consciências amedrontadas e inquietas. O evangelho, porém, transfigura a lei, de modo que passa a exigir mais do que somos capazes, a buscar homens diferentes daqueles que somos. Quer dizer: A lei exige a Cristo e conduz a ele, de modo que, primeiro, nos tornemos outra gente por sua graça e na fé, e depois então façamos boas obras. Aí, então, vem o maravilhoso evangelho e transforma a água em vinho. A lei, agora, é saborosa, por ser tão profunda e elevada, tão santa, correta e boa, por exigir coisas tão grandes. Por isso ela passa a ser amada. O que antes era difícil, duro e impossível, agora é agradável e fácil. Pois agora vive no coração pelo Espírito Santo. A água já não está em talhas. Ela se tornou vinho, foi distribuída, bebida e alegrou os corações.