CIL - Comissão Luterana de Literatura
07 de dezembro de 2003
LEI E EVANGELHO
Romanos 3.27-31
Aqui é preciso saber que a Escritura Sagrada como um todo se divide em duas classes de palavras: os mandamentos ou a lei de Deus e as promessas. Os mandamentos nos ensinam e prescrevem toda sorte de boas obras. Agora, dar mandamentos é uma coisa, cumprir os mandamentos é coisa bem diferente. Os mandamentos nos orientam corretamente, mas não nos ajudam; ensinam o que devemos fazer, mas não nos dão a força para cumpri-los. Por isso, os mandamentos nos foram dados com a finalidade única de fazer com que, por meio deles, o homem se convença de sua incapacidade de fazer o bem e aprenda a desesperar de si mesmo. E por esta razão também levam o nome de Antigo testamento. Assim, o mandamento “Não cobiçarás” demonstra que somos todos pecadores e que homem nenhum é capaz de se livrar da cobiça, por mais que se esforce. Isso lhe ensina a desesperar de si mesmo e a buscar em outra parte a ajuda necessária para se livrar da cobiça, e, assim, cumpra esse mandamento – algo que ele mesmo não consegue fazer – por meio de alguém outro. O mesmo se aplica também aos demais mandamentos: somos incapazes de cumpri-los. Quando o homem vê e reconhece sua incapacidade através dos mandamentos, de sorte que fica temeroso, pensando em como cumpri-los (já que é necessário cumpri-los, sob pena de condenação), ele fica, deveras, humilhado e aniquilado, e, em si mesmo, não encontra nada que o possa salvar. Entra, então, em cena a outra palavra, a promessa divina, que diz: “Se você deseja cumprir todos os mandamentos, ver-se livre de sua cobiça e de seu pecado, olhe aqui, creia em Cristo, em quem eu lhe prometo graça, justiça, paz e liberdade plenas. Se você crer, receberá; se não crer, ficará sem nada. Porque encerrei todas as coisas na fé, de sorte que se alguém crê, terá tudo e será salvo; agora, se não crê, ficará sem nada”.