CIL - Comissão Luterana de Literatura
01 de junho de 2007
Porque na mão do Senhor há um cálice, cujo vinho espuma, cheio de mistura
Salmo 75
deus jamais abandona os seus a ponto de não lhes mostrar nesta vida como ele se comisera deles. Assim, Davi foi expulso de seu reino e, novamente, empossado. O rei Ezequias adoeceu mortalmente e, depois, recobrou a saúde. O povo judeu, disperso entre os povos pagãos, retornará a sua pátria. Mas nesse ponto também tem seu lugar a fé que espera por socorro. Pois a ajuda não está sempre à mão quando dela necessitamos ou a desejamos. É verdade, nada mais maravilhoso haveria no céu e na terra do que a palavra sem a cruz. No entanto, esse gozo não duraria muito, visto que a natureza não suporta por muito tempo a alegria e o gozo. Assim, já diz o provérbio: “O homem suporta tudo, menos dias bons; hão que ser pernas fortes as que suportam dias bons”. Por essa razão, também apimentou um pouco esse doce e amável tesouro, e lhe deu um gostinho picante de vinagre e mirra, para que não enjoemos dele. Pois, “azedo dá apetite”, diz o adágio. Do mesmo modo, os incômodos da vida fazem com que o coração seja tanto mais alegre e radiante e tenha cada vez mais sede desse tesouro. Pois seu poder se sente e se reconhece na medida em que se busca consolar o coração em Deus. Assim, diz um salmo: a palavra é um vinho puro que embriaga a alma; no entanto, ainda vem misturado com sofrimento, para conservar o apetite.