Antes de iniciar a leitura desta meditação, eu o convido a fazer um exercício: fixe seus olhares em algum quadro na parede mais próxima. O que mantém o quadro preso à parede? É um prego ou um gancho fixado numa bucha! Sem este recurso, o quadro cai e quebra. Na referência bíblica de hoje, o apóstolo Paulo lembra que o novo jeito de vida dos cristãos tem, igualmente, um prego ou um gancho que lhe dá firmeza: a misericórdia do Senhor. Foi a misericórdia de Deus para com a humanidade que removeu aquela pedra que fechava a sepultura de Jesus, no domingo da Páscoa. Vida nova irrompeu das trevas e do silêncio do sepulcro. Uma nova ordem entrou em vigor no mundo. Em lugar da morte passou a vigorar a vida. A misericórdia de Deus, ofertada em nossos dias, pela Palavra, pela Santa Ceia, pelo Batismo e pelo amor ao próximo, continua transformando pessoas, reunindo comunidades e chamando discípulos. A misericórdia é instrumento de Deus que nos põe a serviço. O “sim” de Deus não foi dado para ser guardado no cantinho do nosso coração. Ele mexe com todo o corpo e estabelece um novo relacionamento com as pessoas. O perfil dos cristãos é diferente do que o daqueles que se adaptam logo à realidade e às exigências da sociedade. Discípulos, na trilha de Jesus Cristo, são orientados pela bondade de Deus. Embora o cristão não adapte a sua vida, levianamente, às regras do jogo que valem em nosso mundo, ele não perde de vista o seu próximo, que carece da bondade e do serviço que acontecem por causa da misericórdia divina.