Vivi sete anos em internato. Quanta lei! Quantas ordens! "É assim, e ponto final!". Por isso, inventávamos formas para extravasar nossa inconformidade. Uma delas: fumar às escondidas. Sabíamos que, quem fosse flagrado ao fumar, seria expulso. Porém, para nós, adolescentes, representava um desafio fumar no "matinho" e, depois, escovar bem os dentes e não deixar que algum professor desconfiasse. Passou o tempo do internato. Veio nova situação: "Aqui vocês são livres; façam o que quiserem; importa dar conta dos estudos". Nesse contexto, ainda mais depois de conhecer os malefícios do tabagismo, deixei de fumar. Aplicada ao texto bíblico de hoje, a ilustração ajuda a compreender o sofrimento de Paulo em vista do que aconteceu na comunidade dos gálatas. Na verdade, seus membros "voltaram a fumar", mesmo conhecendo os males desse vício, isto é, através da pregação do apóstolo (v. 13), a comunidade conheceu a Deus; descobriu os "rudimentos fracos e pobres" do mundo, que escravizam (v. 9), próprios das leis, dos ritos e dos costumes da cultura e da antiga religião desse povo (v. 10). Agora, a comunidade progredira na fé em Deus. Aceitara ouvir e sacrificar-se pela causa anunciada pelo apóstolo, ainda que esse estivesse enfermo (vv. 14,15). Mesmo assim, ela fraquejou. Passou a ouvir outros pregadores (v. 17) que queriam construir a relação das pessoas com Deus através da Lei, e não pela fé, com liberdade. Como cristãos, importa usufruir a liberdade conquistada através de Cristo.