CIL - Comissão Luterana de Literatura
15 de agosto de 2004
A grandeza da pessoa pequena
Marcos 10.13-16
Voltar a ser criança! É esta a condição para receber o abraço de Jesus. Somente quem se torna pequeno tem a promessa de entrar no Reino de Deus. Isso nada tem a ver com inocência. Criança não é inocente. A romantização da idade infantil é invenção de adultos. Ademais, Jesus não veio para chamar justos, e, sim, pecadores. Criança é, isto sim, pequena. É “baixinha”. E é isso o que importa diante de Deus. Grandeza humana costuma ter preço. Muitas vezes, vai às custas de alguém, das pessoas fracas, pobres, derrotadas. Não é assim no Reino de Deus. Nele, grandeza não se mede pelo poder das armas, das posses, do saber. Não se prende a beleza, força, saúde. Grande é a pessoa humilde, aquela que sabe aceitar os presentes de Deus e agradecer por eles. Disse o grande teólogo luterano dinamarquês S. Kierkegaard que a dignidade humana consiste em ter necessidade de Deus. De fato, os bichos não precisam dele. Mas, quando pessoas acham que podem dispensar Deus de suas vidas, isto acarreta prejuízo. Criança necessita dos pais. Órfão é sempre um coitado. Assim, também, o ser humano. Ele necessita de Deus para ser gente. Não há dignidade maior do que a de filho e filha de Deus, ou seja, da criança que se dirige ao “Pai nosso” que está nos céus. “Quem não receber o Reino de Deus como criança...” (v. 15). Há coisas que só podemos receber. Engana-se quem acha ser tudo uma questão de conquista. Os grandes pensam assim. Enquanto isso, os pequenos têm olhos para a graça divina. É para eles que está reservada a bênção.