João Batista é um personagem exótico que lembra-nos da estrada que devemos seguir. É voz que clama, dizendo que, no deserto da vida, há de se abrir um caminho. Ele é do tempo em que os corações das pessoas estavam sendo preparados para receberem aquele do qual “não mereço a honra de me abaixar e desamarrar as correias das sandálias dele” (v. 7). Ele foi o mais importante precursor do personagem principal: o Messias. A mensagem de João aponta para um processo de arrependimento e de remissão de pecados. O seu batismo a céu aberto, nas águas do Jordão, marcou o sinal externo dessa mudança de vida. Uma nova ética seguia-se a este momento de conversão. Para João, algumas das práticas dessa nova vida incluíam não cobrar mais do que o estipulado, não maltratar as pessoas, não dar falso testemunho, contentar-se com o seu salário. São indicativos para um caminho de vivência de justiça e ética. No ritmo da vida da Igreja, estamos novamente no tempo de João. É tempo de Advento, de preparação para a vinda do Messias. Há, porém, uma grande diferença. O “mais importante” já veio! Nós já podemos conhecer o caminho; já podemos ser do caminho preparado por aquele que veio depois de João e disse de si mesmo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Andar na senda preparada é o convite que o tempo de Advento nos faz. Para acertar a trilha, por vezes, basta uma auto-avaliação. Na maioria das vezes, porém, necessitamos de palavras fortes, claras, proféticas, como as de João, para trilharmos o caminho preparado.