CIL - Comissão Luterana de Literatura
17 de janeiro de 2007
Era uma vez um jardim
Gênesis 2.4b-17
O mundo criado por Deus não tem nada a ver com o nosso mundo. Lá, o ser humano vive do sopro de Deus e é “co-sujeito” na criação; aqui, ele faz o que bem entende. O nosso mundo nada guarda daquela simplicidade do “sim” e do “não”, do trabalho para a subsistência, da observação de limites. Mais se parece com um grande mercado, onde uns exploram os outros, acumulam mais do que precisam, cultuam seu egoísmo em luxúrias ofensivas aos que são pobres. O texto bíblico acima, mais do que um relato sobre o começo do mundo, é uma crítica ao que aí está, e quer mostrar como Deus pensou a vida para o seu povo: cada qual vivendo em liberdade e trabalhando para o seu sustento; ninguém explorando o trabalho do outro e vivendo às custas do suor e do sangue do outro; ninguém morrendo de exaustão, enquanto outros se fazem iguais a Deus (Gênesis 3.5). A tragédia humana não são os sistemas sócio-políticos, mas a mente perversa e corrupta que predomina. E não adianta bater em retirada para uma ilha de utopia, um mundinho só nosso, que nada mais seria do que outro tipo de egoísmo. O que o momento está a exigir é confronto dos sistemas ideológicos com o mundo que Deus legou ao ser humano para uma vida em harmonia. Isso é relevante, especialmente para a parte da humanidade que se identifica com Cristo, que tomou para si a tarefa de “levar a Boa-Notícia para os pobres, anunciar a liberdade aos cativos, dar vista aos cegos, libertar os que estão sendo oprimidos e anunciar que chegou o tempo agradável de Deus” (Lucas 4.18,19).