CIL - Comissão Luterana de Literatura
25 de outubro de 2007
Amizade (in)confundível
Jó 2.11-13
“Amizade é na vida uma canção; amizade faz bater o coração” – assim diz uma canção. Três amigos de Jó sabiam que este sofrera duro revés. Por isso, tinham por propósito condoer-se com o amigo e consolá-lo. Ante a figura desolada de Jó, são envolvidos por seu sofrimento. A intenção primária – condoer-se e consolar – não acontece. O que fora pensado, dissipa-se. Choram com Jó, rasgam seus mantos e lançam pó sobre a cabeça (v. 12). A presença silenciosa passa a ser uma carga. Não pode ser negada a importância da presença de amigos em situações de sofrimento. Ajudam, sim, com sua presença. Depois, sim, depois, fica-se só. Muito tempo só e sem perspectiva. Como continuar com o que sobrou – se é que sobrou? – ou reorganizar e recomeçar? Perguntas e/ou curiosidades atrapalham os que sofrem. Recontar sofrimento é sofrer outra vez. Consolo é necessário. Remeter e remeter-se ao Senhor da vida é necessário, pois junto dele há esperança e recomeço. Recolocar-se diante de Deus, e buscar na Palavra e nos sacramentos as forças que, momentaneamente, não temos, é uma oportunidade de recomeçar e planejar novos caminhos. Buscar forças para orar com e por nossos irmãos sofredores. Crer é necessário, mas sabemos que isso não pode ser fabricado por nós. Sabemos “que o Espírito Santo nos chama pelo Evangelho, ilumina com seus dons e nos conserva na verdadeira fé”, pois crer é dom de Deus. A canção mencionada no início termina dizendo: “Amizade vem de Deus e a Deus pode levar, como é bom quando se sabe amar”.