Estou com pena dessa gente, porque já faz três dias que eles estão comigo e não têm nada para comer (v. 2). O texto bíblico de hoje narra a história conhecida como “multiplicação dos pães e dos peixes”. Mas, eu prefiro chamá-la de “milagre da solidariedade” ou “milagre da transformação”. Para compreendermos a mensagem, convém considerar que Jesus fez um milagre e não uma magia. Milagre é muito mais do que magia ou ilusionismo, mais do que fazer coisas aparecerem do nada. Até mesmo, porque a fé cristã não é bitolada e considera, por exemplo, a Lei de Lavoisier: “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. Muito mais do que um multiplicador, Jesus foi um transformador de mentes e de corações. Transformou a idéia do “acúmulo para si” em idéia do “partilhar comunitário”. Deve ter sido bonita a cena das pessoas abrindo as mãos e sacolas para compartilhar com os outros o que tinham. Com isso, Jesus saciou a fome de gente carente de pão, mas, também, carente de vida nova, de espiritualidade, que se materializou em gestos concretos. A multiplicação e a transformação foram tão grandes que sobraram pães e peixes. Milagres assim precisam continuar acontecendo neste mundo que prega, cada vez mais, o acúmulo para si, e vê gente agonizando de fome. Acreditamos que o mundo ainda é de Deus e que milagres ainda acontecem, pois temos muitos testemunhos de transformação, de compaixão, de solidariedade e de amor ao próximo pelo mundo afora. Nós podemos fazer parte desses milagres.