[b]Eu pedi esta criança a Deus, o Senhor, e ele me deu o que pedi. Por isso agora eu estou dedicando este menino ao Senhor. (vv. 27,28)[/b] A história de Ana sensibiliza. Ela retrata a angústia de muitas mulheres. Não creio, no entanto, que a esterilidade seja o fator principal da sua dor. Por trás, oculta-se algo maior: uma crise de fé. No Antigo Testamento, onde o agir salvífico de Deus é relacionado à promessa de filhos, Ana se pergunta: se filhos são uma dádiva de Deus, sinal da sua graça, então estou excluída do seu projeto de salvação? Só depois de orar muito e derramar todas as suas lágrimas diante do Senhor, ela consegue seguir em paz. Sua oração é ouvida. Engravida, e nasce Samuel. A sua alegria, agora, é completa, não porque o Senhor a abençoou com um filho, mas porque se sente incluída no projeto salvador de Deus. A alegria não está simplesmente no filho, mas, sobretudo, na ação graciosa do Pai. Por isso vai com imensa gratidão no coração dedicar Samuel ao Senhor. Deus revelou-se a Ana em sua aflição. Que dizer das tantas mulheres que não tiveram a mesma bênção de Ana? Elas não encontraram a graça da salvação? Em Cristo Jesus, Deus nos revelou nova luz. Ele dedicou o seu próprio Filho ao mundo, para que nada mais pudesse nos separar do seu amor. Não é a bênção de ser mãe, nem a quantidade de ofertas e nem as nossas ações que são condição para a salvação. A salvação, Deus nos deu em Cristo Jesus. E é esta ação graciosa que nos leva, nos dias de hoje, a dedicar, com gratidão no coração, nossas vidas à sua missão.